terça-feira, 16 de novembro de 2010

A tecnologia híbrida para automóveis ganha força. O Brasil aposta na ideia.

Pálio Weekend Elétrico, totalmente movido a energia elétrica. Está equipado com um motor que gera máxima potência de 15 kv (20 cv) e torque máximo de 50 Nm (5,1 kgfm). Sua fonte de energia é proveniente de uma bateria de níquel, localizada no fundo do porta-malas, e sua autonomia é de 120 km.


Criou-se uma grande expectativa da parte das montadoras para que até em 2020 a quantidade de modelos híbridos vendidos por todo o mundo seja equivalente aos modelos de motores à combustão. No entanto, é necessário que haja demanda dos grandes mercados, como o Brasil. Mas quando haverá uma viabilidade para o comércio do carro híbrido no Brasil?


O que é o sistema híbrido?

O carro equipado com o motor híbrido pode ser movido à combustão ou por energia elétrica. Motivo pelo qual possui dois motores: Um elétrico e um a gasolina. Trabalham em conjunto numa relação de “simbiose”, onde um dos motores pode ser acionado para auxiliar o outro.

Como funciona?

Estão disponíveis hoje no mercado três tipos de carros híbridos: Híbrido paralelo, em que o motor a combustão é responsável pela locomoção e o motor elétrico funciona como um auxiliador extra para melhorar o desempenho; Híbrido-série, funciona de forma contrária ao anterior, utilizando do motor elétrico para a locomoção do veículo e o motor a combustão é acionado apenas quando falta energia elétrica (nesse caso, movimentando o carro até que as baterias do motor elétrico sejam recarregadas); e o terceiro tipo é o Híbrido-misto, que combina os aspectos do sistema em série com o sistema paralelo, possibilitando o uso apenas do motor elétrico ou dos dois motores simultaneamente.

Em entrevista ao site G1, especialistas afirmam que o carro chegará como modelo importado, mas se for produzido no Brasil, evoluirá para um modelo que agrega tecnologia flex. O diretor das comissões técnicas da SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade), Luso Ventura, tem grandes expectativas sobre o assunto:

“Nos Estados Unidos já se vendeu mais de 350 mil carros híbridos. É um volume bastante grande, perto dos volumes brasileiros, mas no mercado norte-americano é um nicho e é vendido em estados ricos, com maior restrição de emissões. Acho que os híbridos vão tomar o mercado, e a qualquer hora podem aparecer no Brasil.”


Alguns carros movidos a energias alternativas

Segundo Ventura, caso haja uma popularização dos carros híbridos nos países de maior poder aquisitivo, a escala de produção se encarregará de baratear os custos, o que abrirá possibilidades para importação de produtos com a tecnologia no Brasil. “Se realmente pega lá fora, logo começa a aparecer algo importado aqui. Mas o sucesso no mercado brasileiro vai depender muito de como chega, por causa do pós-venda, atendimento, manutenção boa. Se chegar por montadora e não por um aventureiro a chance é real”, afirma.

Edson Orikassa, diretor de tecnologia da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva) e gerente da área de certificação de produtos da Toyota, atenta para o fato de que a viabilidade econômica está diretamente ligada à ajuda do governo. “No Brasil existe a alíquota de 35% de imposto de importação, que é bem alta. Fica caro para o cliente e o empresário tem lucratividade baixa. Por enquanto não compensaria”, destaca.

Ainda que hajam incentivos fiscais, o país precisa desenvolver uma metodologia específica para a homologação do produto e mão-de-obra qualificada tanto para assistência técnica quanto para os devidos procedimentos em caso de acidente, ressalta Orikassa. “É uma tecnologia diferente, até os profissionais que fazem o atendimento de vítimas de acidente precisam saber lidar com um carro equipado com um motor elétrico”, diz.

De acordo com Edson Orikassa, tem sido forte a procura por carros híbridos entre empresas , ainda assim, a montadora japonesa não deu a entender que investirá na importação do produto. “Tem empresas, inclusive canavieiras e de eletricidade, que realmente começaram a nos consultar para que a gente trouxesse a tecnologia, para fazer a avaliação do produto”, observa.


Híbrido flex

Existe uma forte tendência de que os híbridos no Brasil se tornem “flex”, tanto para conquistar a simpatia do governo brasileiro e para criar um diferencial em âmbito mundial. Com dois motores – um elétrico e outro alimentado por combustível – o veículo híbrido muda para o sistema elétrico ao se exigir menos do motor, ou então “divide“ a energia com o motor comum, o que diminui o consumo de combustível. No caso “hibrido flex”, o motor a combustão poderia ser abastecido tanto por gasolina quanto por álcool, ou ambos misturados, diminuindo ainda mais o nível de emissões.

Carro elétrico

Com um futuro promissor a caminho para os carros híbridos, o carro elétrico perde por ter sua utilidade limitada apenas à pequenas distâncias. Uma rede de abastecimentos e autonomia suficiente para esse carro limitariam sua viabilidade.

Em parceria com a Eletrobrás o Brasil já desenvolve através da Fiat o Pálio Elétrico. Com autonomia para 120 km e sendo capaz de atingir até 120 km/h, tem sua desvantagem em sua bateria, que pesa 130 kg. Já estudam baterias mais leves e com maior autonomia, mas ainda assim a circulação do automóvel se limita à locomoção dentro da hidrelétrica.

“Acho difícil o veículo elétrico ser viável economicamente. O carro híbrido é que fará a transição para o veículo à célula de hidrogênio”, afirma o diretor da AEA. Opinião compartilha por Luso Ventura, da SAE. “A próxima etapa vai ser o veículo à hidrogênio. O veículo híbrido é importante para que o salto de custo não seja tão grande”, acrescenta Ventura.
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